Mais da metade das ‘obras para Saúde’ está no papel
O governo federal vai destinar 1,9 bilhão de
reais ao programa Mais Médicos em 2014, mas a infraestrutura do setor de Saúde
segue negligenciada. Foram concluídos apenas 11% das obras para o setor
previstas pela segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que
se refere aos anos de 2011 a 2014. De acordo com levantamento do Conselho
Federal de Medicina (CFM) feito com base em dados oficiais, das 24.006
iniciativas prometidas pelo programa, 2.547 foram entregues até dezembro de
2013. E, entre as restantes, pouco mais da metade sequer saiu do papel. Os dados
estão detalhados em reportagem da ONG Contas Abertas divulgada nesta
quinta-feira (27).
O balanço do CFM mostra que, no lançamento do PAC
2, estavam previstas construção e reforma de 15.652 Unidades Básicas de Saúde
(UBSs), mas apenas 9% foram concluídas após mais de dois anos. Além disso, foram
finalizadas apenas 3% das 503 Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs), locais
estruturados para atender a urgências e emergências, que deveriam ser
construídas. Das 7.911 iniciativas de saneamento em áreas urbanas, 14% foram
entregues até dezembro passado.
A lentidão estampada pelo relatório é constatada
em todo o país. No Sudeste, por exemplo, 60% das ações do eixo saúde ainda estão
na fase preparatória, de licitação ou de contratação. Obras em andamento
correspondem a 33% e finalizadas, 7%. Em São Paulo, o PAC previa a construção e
a reforma de 1 347 UBSs, mas concluiu as obras em somente 130 unidades. Além
disso, das 120 UPAs que seriam construídas ou reformadas, nenhuma foi entregue à
população. Nas regiões Sul e Centro-Oeste, o percentual de conclusão dos
projetos variou de 11% a 12%, respectivamente. Já nos estados do Norte, 10% das
ações foram concluídas.
O Contas abertas questionou o Ministério da Saúde
sobre os relevantes atrasos nas obras do setor, mas não obteve nenhuma resposta.
Para Lígia Bahia, especialista e doutora em saúde pública da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os atrasos são uma evidência dos imensos
equívocos e dificuldades do planejamento das atividades e ações previstas para
concretizar políticas públicas no Brasil. “Os problemas começam com a definição
de prioridades e se estendem para a transposição de metas para o orçamento e sua
execução”, diz.
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Fonte: Veja
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