Uma publicação no Facebook causou grande insatisfação na comunidade LGBT recifense nesta semana. A vereadora e missionária Michele Collins (PP) noticiou aos seus amigos e seguidores na rede social que enviou uma emenda à Lei Orçamentária Anual (LOA) do Recife na tentativa de redirecionar para outras áreas, prioritárias segundo ela, recursos destinados a ações em favor da garantia dos direitos da população homo e transexual. Naturalmente, uma onda de revolta se instalou entre entidades e organizações defensoras da causa LGBT, que assinaram nesta quinta-feira (30) uma nota de repúdio à iniciativa.
Michele Collins declarou que muitas políticas já contemplam a população de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros e que não pretende excluí-los com a emenda. “Quando pedimos que recursos sejam remanejados para o combate às drogas, não estamos excluindo os usuários de crack gays”, explicou a vereadora, que disse não ver, no momento, necessidade de se promover ações específicas para o combate à homofobia, por exemplo. “Nós não temos que privilegiar uma minoria, temos que combater a violência como um todo. Ninguém deve sofrer violência”, defendeu.
A nota de repúdio do movimento LGBT rebate tal afirmação. “Se analisarmos o acesso da população LGBT aos serviços de saúde, a taxa de evasão escolar entre LGBT, os dados sobre LGBT em situação de rua, e, sobretudo, o número de homicídios motivados por orientação sexual e/ou identidade de gênero na cidade do Recife nos últimos anos, percebemos claramente que há uma disparidade no acesso a esses serviços”, contestou.
Durante a semana, a vereadora chegou a declarar que está sendo perseguida nas redes sociais, tendo sido alvo de agressões e ofensas após a apresentação demenda. Em entrevista, no entanto, afirmou que sentiu que a maioria dos recifenses recebeu bem a proposta. “A maioria da população entende que há setores que precisam ter pioridade nesse momento”, pregou.
Por outro lado, os movimentos sociais se posicionaram contra os argumentos da missionária evangélica, que estariam, na visão deles, pondo numa “balança moral” as necessidades da população. “Não podemos cobrir um santo para descobrir outro, nem muito menos colocar em disputa demandas sociais legítimas”, arrematou a nota.
A apresentação de emendas aditivas e modificativas à Lei Orçamentária Anual do Recife para o exercício de 2015 se encerra em novembro de 2014, quando a pauta retorna à Secretaria de Planejamento e Gestão do município. A secretaria então fará uma análise técnica das propostas, considerando viabilidade, relevância, entre outros critérios.
Fonte:Cláudia Ferreira - Esp. para o Diario de Pernambuco
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