O Governo de Minas Gerais pediu à população que economize água, e admitiu que a situação dos reservatórios que abastecem a grande Belo Horizonte é crítica. O estado vive a pior seca em mais de um século.
O balneário da Lagoa Várzea das flores mudou bastante. A margem virou estrada.
“É muito triste, porque ela vinha na margem aqui. Agora está secando, acabou a água. Está acabando”, destacou Cláudio Souza, pedreiro.
Várzea das Flores integra o Sistema Paraopeba, que abastece Belo Horizonte e Região Metropolitana, com outras duas represas O nível do reservatório hoje está 28%. A situação mais crítica é em Serra Azul com apenas 5% da capacidade.
É o mês de janeiro mais seco em Minas em mais de 100 anos desde quando a medição começou a ser feita. Mesmo assim, na manhã desta quinta-feira o Jorna Nacional flagrou um motorista de um caminhão-pipa retirando água de um córrego que deságua em uma das barragens.
“É serviço através da Prefeitura”, disse o caminhoneiro.
“Aqui do lado já tem um riachozinho seco. Então, nós não temos água para ficar tirando desse jeito.”, disse Ronner Gontijo, presidente Ass. Amigos Várzea das Flores.
Vinte e nove cidades de Minas já decretaram situação de emergência por causa da seca. Nesta quinta, o governo do estado anunciou um pacote de medidas para tentar evitar um colapso no abastecimento nos próximos meses.
A empresa de abastecimento convocou a população a reduzir em 30% o consumo e prometeu ações para eliminar os vazamentos, e contratar carros-pipas e serviços de perfuração de poços para as cidades do interior. Mas o governo não descarta a doção de medidas mais severas.
“Nós não estamos descartando o racionamento, nós não estamos descartando a possibilidade de aplicação de mecanismos tarifários complementares ou multa ou alguma sobretaxa pra quem esteja consumindo além de um determinado patamar. Isso tudo vai estar relacionado a efetiva possibilidade legal de adoção desses mecanismos”, diz Sinara Meireles Chenna, diretora pres. Copasa.
A prefeitura de Betim declarou que a retirada de água mostrada na reportagem é regular. Mas que a situação está sendo avaliada.
Secretário afirma que estiagem pode parar empresas no estado do RJ
O secretário estadual de Ambiente do Rio de Janeiro, André Correa, afirmou na manhã desta sexta-feira (23), que empresas "na ponta" do Rio Paraíba do Sul podem ter, em curto prazo, o funcionamento interrompido por causa da estiagem que atinge o estado. Ele admitiu que a Cedae tem um plano de racionamento guardado para o caso da situação piorar.
“O rio Paraíba do Sul é usado para geração de energia, para irrigação, para abastecimento industrial, então, por exemplo, podemos ter num curto prazo, problemas com empresas que estão na bacia do Guandu, no final da bacia do Guandu, depois de onde a Cedae capta água. Nós podemos chegar num prazo curto e dizer para ela que elas vão ter que parar de operar”, alertou Corrêa, enfatizando que o abastecimento humano vai ser priorizado.
Nesta quarta-feira (21), o nível do reservatório de Paraibuna, o maior de quatro que abastecem o estado do Rio de Janeiro, atingiu o volume morto pela primeira vez desde que foi criado, em 1978. De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a usina hidroelétrica foi desligada após o nível atingir zero.
Técnicos da secretaria do Ambiente dizem que com o volume morto desse reservatório dá para garantir as operações por, no mínimo, mais seis meses. “O grande problema é que, na lógica, nós estamos no período de chuva. O problema é quanto de água nós vamos armazenar para enfrentar o período de seca”, ressaltou o secretário, enfatizando que o ano de 2015 será de grandes mudanças e, possivelmente, o mais crítico.
Maior crise hídrica dos últimos 84 anos
Segundo o secretário, o Rio esta é a maior crise hídrica de estiagem dos últimos 84 anos, época em que a medição começou a ser feita. “Não descartamos nenhuma possibilidade, dependendo do prazo, de fazer medidas de contenção e de racionamento”, garantiu Corrêa, ressaltando que a Cedae tem todas as medidas de contingência para serem tomadas em casos emergenciais.
O secretário também atribuiu parte da responsabilidade pela crise hídrica à má administração dos reservatórios do Paraíba do Sul. Segundo ele, desde a crise, através de manobras feitas nos reservatórios, já se economizou 400 milhões de litros d’água.
A não taxação da água de forma individual, como acontece nos condomínios, será revista a médio e longo prazo. Mas de imediato, segundo o governo do estado, a única medida é economizar água.
Sobre aumento de tarifa no caso de racionamento de água, ele destacou que defende a criação de uma tarifa diferenciada para os consumidores. “Essa é uma discussão que eu estou fazendo. Eu acho que temos que ter um modelo claro de tarifa. Aquelas que consomem dentro de um parâmetro técnico que foi estabelecido a partir desse debate, elas têm um desconto. Agora o cara que é ‘gastão’ têm uma sobretaxa”, defendeu Corrêa, que está começando a discutir esse assunto com o Governo do Estado.
O secretário ainda fez um alerta para a população. “Nada tranquiliza. Nós vivemos um momento crítico. Ou a gente tem essa consciência coletiva ou a gente não descarta nenhuma possibilidade.
Via Libertar.in
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