Fabiano é um personagem clássico da
nossa literatura, oriundo das páginas do livro Vidas Secas do alagoano
Graciliano Ramos, escrito em 1938, mas que permanece extremamente atual. A trama
gira em torno de Fabiano e sua família lutando pela sobrevivência no sertão,
propiciando um relato da saga dos retirantes e sua luta contra a
seca.
O personagem é marcado pelo dilema
com suas próprias limitações: ele julga-se limitado por sua falta de educação.
Considera-se um bicho, alguém só pode utilizar sua força, visto que tem extrema
dificuldade em pensar e se comunicar. Não se acha digno de ser chamado de homem,
parece mais com os animais com os quais se relaciona com maior facilidade. Com
relação aos homens, limita-se a obedecer.
Em determinado momento do livro, o
vaqueiro envolve-se em uma confusão e acaba injustamente sendo especando e preso
por um “soldado amarelo”. Neste momento sua cosmovisão acanhada entra em crise.
Ele sempre se postou a favor do governo, afirmando até em certas ocasiões que
apanhar do governo não era desfeita. Visualiza o governo como algo distante e
perfeito. Mas diante dele estava um soldado amarelo que o oprimia injustamente.
Como conciliar a idealização do governo com o homem que o representava de
maneira tão falha e arbitrária?
E é aqui Fabiano se assemelha a
muitos de nós, até mesmo os mais intelectuais que escondem seus pressupostos
primitivos por detrás de toda a pompa acadêmica. Mas em essenciais nos
assemelhamos muitos a esse vaqueiro. De que maneira? Sempre lidamos com as
idealizações dos distantes. A messianização. Depositamos nossas esperanças em
governos, ideologias, denominações e homens idealizados. E não percebemos que
todos os governos são compostos de soldados amarelos injustos. O mesmo se aplica
até mesmo às igrejas. Onde há homens, não cabe
idealização.
É precisamente isto que acontece com
o intelectual de esquerda que mira todas as suas esperanças em um estado
idealizado que combaterá as injustiças do mercado cruel. O problema é que o
estado é composto por homens. E homens são sempre cruéis a parte da graça de
Deus. O mesmo se aplica aos que idolatram o mercado. Este também tem seus
soldados. Diante disso tudo, somos todos “Fabianos”.
Mas reconhecer isso é o inicio da
reação. Precisamos direcionar nossas esperanças para o lugar onde serão
plenamente saciadas: JESUS CRISTO. Ele não tem falhas morais, nem promove
injustiça alguma. Ele não é um soldado amarelo, mas sofreu a injustiça por parte
dos soldados romanos em nosso favor. Ele sim é perfeito e sem mácula. Seu
governo não tem fim. Somente Ele saciará nossa sede. Com ele não haverá mais
vidas secas!
***
Via Púlpito Cristão
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