Duas horas depois de receber a mensagem da ex-mulher, Leandro — ainda aguardando que ela retornasse à Rodoviária de Campo Grande, local de onde saiu — enviou um SMS a ela, querendo saber notícias, mas não foi respondido. Desde então, ninguém mais conseguiu contato com a jovem. O caso foi registrado na 35ª DP (Campo Grande), que assumiu as investigações.
A rodoviária, ainda de acordo com Leandro, seria o lugar para o qual Jandira seria levada de volta, após realizar o procedimento cirúrgico, como foi combinado com a mulher que conduzia o carro — uma jovem, magra e loura. Ela, no entanto, não teria dado precisão de quanto tempo o processo levaria.
No dia 27 de agosto, agentes encontraram um carro carbonizado com um corpo dentro. De acordo com fontes ligadas à polícia, o corpo estava sem a arcada dentária, os membros superiores e inferiores, além de estar carbonizado dentro de um carro. Familiares de Jandira devem ser chamado para fazer um exame de DNA para saber se trata-se da jovem.
Polícia investiga suposta quadrilha especializada em aborto
A polícia investiga que uma quadrilha especializada na prática de aborto está envolvida no desaparecimento de Jandira. De acordo com a mãe da jovem, ela teria marcado o procedimento com Rosemere Aparecida Ferreira, conhecida como Rose, que seria a responsável por marcar as cirurgias com as gestantes. De acordo com uma denúncia do Ministério Público feita ao juíz da 4ª Vara Criminal de Duque de Caxias, em março do ano passado, Rose e mais seis pessoas respondem por aborto. Ela é uma das principais peças de um grupo que realiza abortos em várias cidades do estado do Rio. Segundo a denúncia, Rose, além de fazer os contatos com as mulheres grávidas, atuava como enfermeira nos procedimentos cirúrgicos, realizados em clínicas clandestinas. Um mandado de prisão contra ela foi expedido em fevereiro desse ano pelo desembargador Antonio Eduardo Duarte, da Quarta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Ela atualmente é considerada foragida da Justiça.
Outra mulher que já foi acusada de participar da quadrilha é Débora Dias Ferreira. Ela prestou depoimento na última quinta-feira e foi classificada pela polícia como testemunha.
Conselho de Enfermagem investiga Rosemere, que é técnica de enfermagem
Em nota oficial, o Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro – Coren-RJ — informa que “Rosemere Aparecida Ferreira, suspeita de chefiar uma clínica de aborto e envolvida no caso do desaparecimento de uma gestante, é técnica de enfermagem, e não enfermeira”. O conselho informa ainda que notificou a suspeita, mas não teve resposta, já que ela está foragida.
O Coren informou também que vai cobrar explicações de Rosemere sobre as acusações. Confira a nota na íntegra:
O Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro – Coren-RJ - informa que de Rosemere Aparecida Ferreira, suspeita de chefiar uma clínica de aborto e envolvida no caso do desaparecimento de uma gestante, é TÉCNICA DE ENFERMAGEM e não ENFERMEIRA.
O Coren-RJ já expediu notificação desde a semana passada para o endereço de cadastro de Rosemere Aparecida Ferreira, e também enviou fiscais até sua residência. Porém, a técnica de enfermagem está foragida.
Rosemere Aparecida Ferreira terá o direito a ampla defesa e do contraditório durante o processo ético que já foi iniciado. Se for provado que a profissional é realmente culpada pelos crimes dos quais a polícia investiga, a penalidade imposta pelo Plenário do Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro será a sumária cassação de seus direitos ao exercício profissional da enfermagem.
Entenda o caso:
Jandira, de 27 anos, está desaparecida desde o dia 29 de agosto. De acordo com os parentes da jovem, ela decidiu interromper uma gravidez de três meses e duas semanas e conseguiu, por meio de amigas, o contato de Rose, que seria responsável por administrar uma clínica clandestina de aborto. Segundo o ex-marido dela, Leandro, Jandira pediu para ser levada naquele dia à Rodoviária de Campo Grande, local que teria sido escolhido como ponto de encontro para que ela fosse encaminhada até a clínica. Segundo ele, o carro que foi buscá-la — um Gol branco, de quatro portas — era conduzido por uma mulher magra, de cabelos louros, que teria lhe dito para esperar na rodoviária que a jovem seria levada de volta ao mesmo local.
— Ela disse que dependia do caso, podia demorar uma, duas horas ou até mesmo meia hora, e que era para eu ficar lá esperando, que ela seria levada de volta — revelou Leandro, ao EXTRA.
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